Hoje vi um monte de coisa que não gostei, no youtube. Aquela coisa, além de dar a possibilidade de ver algo super legal como o vídeo de "Domingo no Parque", Gil e os Mutantes no Festival de 68, habilita a disseminação do racismo e da xenofobia.
Estava assistindo um vídeo sobre skinheads e me deu uma tremenda curiosidade -a velha e chata curiosidade de jornalista - de saber o que infernos eles pensam. Descobri que não é todo skinhead que é racista, mas descobri também uns trocentos grupos malucos que tem ojeriza aos negros. Agora, imagine, re-a-li-ze: um bando de gente com sangue negro, agindo como racista. Fora os separatistas: tem separatista em São Paulo, separatista no Sul...gente que até mesmo diz que é do tal país Rio Grandense e chama "o resto" do Brasil de "Macaquinhos". Tem também a espécie que acha que no Nordeste todo mundo trabalha no maior estilo "Senhora do Destino" e que nós somos apenas uns tadinhos burrinhos de carga, explorados, coitados.
O povo do White Power é muito engraçado: a média de idade entre eles (que pude perceber) é de uns 25 anos, uma galera que, sem dúvida, não lê muito - pode-se notar pelo modo como escrevem e defendem suas idéias. Me parece que os pais deles falaram algo que, dentro da cabeça de um aumentou e passou para a cabeça do outro...tipo telefone sem fio. Alguém disse que o negro e o judeu (e tem tanto judeu aqui ainda?) são seres malignos e eles aceitaram, sem questionar...e não devem saber porque até hoje.
Depois de ver tudo aquilo - especialmente ler as pessoas escreverem (sem vírgulas e com erros estrondosos de português) mal da minha cidade - me deu uma baita dor de cabeça. Metade disso é pelo fato de que acho a discussão ridícula demais: acho - e sempre achei - que todo mundo é gente e pronto, nesse caralho. GENTE, porra! Por que as pessoas tem que se tratar como se o fato de nascer em estados diferentes deixasse alguém melhor ou pior?
A outra metade, provavelmente, foi porque ainda não tomei nada de cafeína hoje.
Eu, sendo uma pessoa que não acredita muito nos bafafás que me falam ao pé do ouvido, duvidei que os paulistas tivessem tanto problema com os baianos e fui super bem tratada. No hostel, cariocas se davam bem com paulistas, paulistas com cariocas, com baianos, pernambucanos, cearenses, com todo mundo - Manaus, Tocantins, pessoas de algum lugar do Sul próximo a Pato Branco (só lembrei por causa de Pato Branco...rs). Separar pra quê? o que nos torna iguais é exatamente o fato de sermos tão diferentes. Isso torna tudo muito mais interessante.
É por isso que conheço tanta gente fugindo da Europa: porque eles dizem que as pessoas se parecem lá. E, no Brasil, cada lugar tem sua tradição, sua cara.
E não vou deixar Salvador por não AMAR minha cidade. Vou para Sampa por estar afim de construir uma coisa nova pra mim. Salvador, como todo lugar do mundo, tem pobreza, desigualdade, baiano tem uma educação diferente mesmo. Mas ninguém jamais será tão cheio de energia e de solidariedade feito o povo daqui...assim como os paulistas são bastante educados (e acho que todo paulista é meio doido pra puxar conversa), os cariocas, divertidos...assim como todo povo tem o seu "quê" de especial.
Ainda bem que essa gente doida - separatista, white power e lá vai - não é maioria. Eu não diria o mesmo dos racistas incubados, infelizmente.