quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

It's never easy..

Quando eu era pequena, notava que as pessoas tinham uma vida muito mais...simples que a minha. Refletiam menos sobre as coisas, sofriam menos. Naquela época eu me apaixonava demais, era boba - talvez esse seja o conceito atual para definir meninas que são sensíveis em excesso. Aos poucos, notei que a dificuldade em conseguir as coisas, pura e simplesmente conseguir as coisas, estendia-se ao cotidiano. Eu não só me apaixonava pelos caras que acabavam apaixonando-se por minhas melhores amigas: eu perdia no vestibular, mesmo sabendo que estudei tudo o que pude, dei o máximo, até ficar esgotada. Perdia namorados e no vestibular de novo, perdia entrevistas de trabalho, perdia nas seleções do A Tarde, perdia, perdia....Enquanto pessoas na minha frente conseguiam as coisas tão facilmente, eu perdia.
Aquilo tornou-se uma muralha enorme em minha vida. Sempre acho que tudo vai dar errado. Sempre acho que não vou conseguir nada. E que não sou boa, não importa o quanto eu estude, não importa o quanto eu trabalhe por algo. Mas o meu espírito insistente não desiste. Mesmo que eu ainda não saiba desenhar tanto quanto desejo, eu não desisto. Mesmo que ainda não tenha as sacadas geniais de design que imaginei, continuo estudando.
Agora, mais uma vez, a minha tendência a nunca terminar nada além de relacionamentos aparece como a sombra que estava escondida todos esses anos de frustração por ter escolhido uma profissão que, aos poucos, percebi que não tinha nada a ver comigo: a de jornalista. Não gosto de ser jornalista, não acompanho notícias, não tenho muitos amigos jornalistas, acho a maioria um bando de bossais sem-graça.
Agora, mais uma vez, a minha tendência a nunca terminar nada além de relacionamentos aparece como uma sombra.
Uma professora, UMA, acusou-me de algo que não fiz. E por isso talvez eu não conclua meu curso. POIS BEM. Darei o meu suor para que isso não aconteça, mas se acontecer...EU NÃO DESISTO. Tomei muito, muito na cara para aprender a ser mulher, a enfrentar a porra do problema ao invés de sentar e esperar que ele se resolva sozinho. NÃO FIZ O QUE ELA DISSE, não sou uma idiota. Sou uma pessoa que TEM MAIS LIVROS QUE ROUPAS. E não vou desistir.
Se ela me reprovar, eu desisto DE JORNALISMO.
E vou fazer design, e vou recomeçar tudo de novo, com a mesma cara, com esperança de que, dessa vez, eu passe, eu ganhe aquela bolsa, eu finalmente consiga algo que eu queira, não algo que era mais fácil. Eu finalmente encontrei minha paixão, o desenho. A arte. Não vou desistir, nunca.
Desistir de sonho é coisa de gente boba. E eu já passei da idade do romântico sensível, sentado olhando a lua e pensando como deus vai resolver seus problemas. deus deve existir. Mas ele está lá pra dificultar, deve ser. Para que a gente se divirta mais no final.
Eu já estou velha demais para acreditar em santos que vão resolver meus problemas. Minhas merdas eu mesma resolvo.
Talvez eu até perca de novo...mas vai ser só mais uma derrota da minha coleção. O lado bom de perder demais (é, existe lado bom) é que, aos poucos, as derrotas perdem importância. O importante fica sendo o quanto você cresce com elas....e o que você vai fazer depois delas.