terça-feira, 7 de outubro de 2008

Até quando estamos dormindo...

A gente sempre pensa que é forte o suficiente para aguentar surpresas ruins. Eu achava que não havia mais lágrima escondida em meus olhos, que aquela estranheza com os bofes era só coisa de feminista revoltada. Está certo, nunca consegui aceitar o fato de uma mulher ser predestinada a casar e procriar, a encontrar o príncipe com quem vai viver por toda a vida. Coisa insuportável.
Tinha pensado que metade de minha raiva estava na maneira como assisto meu pai lidar com as coisas, como se todos estivessem sempre devendo a ele por ele ser o maior "provedor" da casa. Tinha acreditado estar imune àquela voz, ao desdém de quem, um dia, me dissera que eu era sua vida.

Primeiro, a notícia: não, não tem mais viagem para a Europa. Fiquei muito chateada, porque este deve ser o milionésimo plano que não concretizo. Só este ano. Sem contar os outros. Mas deixei de lado, uma vez que se chatear por não ir para a Europa é equivalente ao choro de Karinna Bacchi por ficar cinco dias sem ver o namorado (hatomarnocu isso viu).

Não passei bem essa manhã, os medos que eu jurava estarem extintos apareceram e me tomaram de assalto, sufocando toda a coragem que construí nos últimos tempos. E as lágrimas, que eu já não sabia mais se apareceriam, vieram com toda a força, incontroláveis.

Depois, a ligação. Olhei para o celular e vi aquele nome...sim, fiquei com muita, muita, muita raiva. Todo o ódio porque ele não me deixava em paz, porque me ligava para me pedir a merda do favor que ainda devo a ele. Porque falava comigo como se não tivesse vivido comigo. Desgraçado. Me veio o enjôo dos velhos tempos, dos malfadados tempos, quando emagreci porque não conseguia comer absolutamente nada sem enjoar. O pânico me tomou depois que desliguei aquele maldito telefonema, deixei o celular de lado e saí dali, com raiva, com toda a raiva que nunca senti antes, que preciso extravasar e, por alguma razão, não consigo. Merda.
Com toda a raiva que eu, na verdade, não sei como extravasar. Ódio de como eu fui idiota de ter me oferecido para fazer todos favorezinhos. Imbecil, imbecil! Agora a porra fica me ligando, perguntando se já fiz isso, já fiz aquilo...HÁTOMANOCU!
A medida que comecei a escrever, a náusea e o desespero foram diminuindo. Aos poucos, volto ao normal, volto a me sentir inteira, forte.
Volto a me encontrar com o controle de mim.
E tudo mais que vá pra puta que pariu. Inclusive...