Tudo começou quando fui ao cinema com Leo e assistimos ao tal "Filhos de João". Contava a história dos Novos Baianos, que sempre invejei (pelo menos invejei seus tempos áureos), de quando eles moravam em um sítio e todos tinham a vida que queriam ter. Claro que eles tiveram quatrocentos filhos, consumiram muitas drogas, e isso acabou com o processo todo. Mas se eles tivessem, de fato, evitado a reprodução excessiva (rs) e o consumo de drogas, aquilo seria possível.
Saí do cinema me sentindo derrotada. Me descobri uma encurralada com 25 anos. Somos muitos, claro, mas por que diabos não me acostumo com isso? Desde a adolescência,desde o meu primeiro emprego, tudo o que não gerava resultados a ponto de mudar a realidade de alguém para melhor me dava desânimo. E entrei e saí de muitos empregos, falhei em SP, continuo falhando na minha saga de fingir que gosto de fazer um trabalho só pelo dinheiro que ele me paga. Até hoje, só gostei de um trabalho de verdade: desenhar.
Temos, então, o impasse: continuar forçando a barra em um lugar onde tudo parece frívolo e sem sentido para mim (o que não é um privilégio desse lugar; os meus empregos anteriores, com excessão do Teatro Vila Velha, não me eram assim, caros. Gostava das pessoas, mas não do que eu estava fazendo. Agora só fez piorar mesmo). O engraçado que me contrata me chamou para fazer uma coisa e, no fim, me pôs em outra que odeio profundamente- volto a dizer que estou encurralada. Mas me sinto culpada por me sentir assim, com tanta gente precisando de emprego (inclusive eu). Sou uma aberração dos jovens de 25 anos. Vou morrer assim, ranzinza, crítica, excessivamente objetiva, com poucas paixões (desenho e música. acrescento, talvez, o café) e sem nenhum interesse em fazer coisas que não gosto. Se é pra dedicar minha vida, minhas horas à uma causa, que seja uma causa pela qual eu seja apaixonada.
Ou seja: desenho, música, café...ou tudo junto, vai saber.
Tudo, tudo menos desperdiçar minhas horas nessa merda que é dar voltas em torno de si mesmo, do dinheiro, dos gastos, carros, trabalhos...saco.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
To begin
Eu não sei como esse rótulo de palhaça grudou em mim. Talvez porque eu fale demais. Porque seja uma pessoa que não acredita em si mesma, por mais competente que seja - se for. Eu sou chata, porque tenho vergonha de assumir qualidades, só foco nos meus defeitos. E são eles que me estigmatizam, que controlam a minha vida profissional, porque eu nunca saio da sala da menina que precisa de supervisão em tempo integral. As pessoas me tratam como uma adolescente. Talvez porque tenha passado a maior parte do tempo me vestindo como uma. Mas eu sei, no fundo eu sei no que sou boa. Sou boa em observar, em colher detalhes e desenhá-los ou escrever sobre eles. Sou boa em criar coisas, em ter ideias, em aprender, em olhar as coisas com olhos novos, todos os dias. Tudo o que aprendi com o desenho foi colhendo informações, perguntando, estudando, praticando. Com a escrita também foi assim. E não sou uma idiota, burra e criançona. Sei o que estou fazendo, planejo o que vou fazer. Preciso acreditar em mim, deos, porque tanta gente me diz que não sei fazer algo que acabo acreditando. Mas eu sei o que faço. E sei fazer bem feito tudo o que faço, com dedicação, com cuidado.
Preciso mudar de país para poder criar a imagem que desejo para mim?
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Já foi
você olha uma foto antiga. Como sempre, o cabelo está diferente, o tipo de maquiagem, o modo de se arrumar. Mas há mais coisas diferentes naquele passado além de um visual, um ex namorado. Há um olhar diferente, uma pessoa esquisita para mim, hoje.
Ela ainda tinha alguma inocência, acreditava em futuros românticos, novelas de príncipes encantados.
Hoje?
Acredito no que vivo agora, no passo que dou dia após dia. Acredito em Leo, por ser alguém, enfim, normal, sem pirações existenciais, sem dramas de menino que não conseguiu se transformar em homem. Acredito em mim mesma. Futuro, planos futuros com outrém...
só se for o próximo fim de semana.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Fugindo do drama, em câmera lenta.
Ai, essa coisa de um passo de cada vez é um saco. Trabalho feito uma condenada e as coisas não acontecem, simplesmente não acontecem. Na verdade, eu nem sei o que quero que aconteça. Quero sair de casa (de novo) e conviver lindamente com minha mãe e meu pai do jeito que era em sp: com visitas espaçadas e esporádicas., aquele almoçozinho de domingo. Quero pagar todas as minhas contas, assistência médica, pós, quero ser livre-totalmente- dos encargos financeiros da minha família. ODEIO ter que ouvir o "pra quê você precisa de um curso de francês?", QUANDO EU PAGO TODAS AS MINHAS CONTAS E, POR VEZES, PRECISO DE UMA AJUDA PRA PAGAR ISSO OU AQUILO.
Eu já sei, já sei, quero ter liberdade total. Não ter mais emprego fixo, ser completamente freela. Não morar mais na casa dos meus pais, poder resgatar julia. Ter a minha mesa de desenho, as coisas que gosto (que são poucas, mas infelizmente não são baratas), minha gata ali comigo...quero a minha vida fora dessa casa, mas arrumada, sem dívidas. Uma vida normal. Não quero ser famosa, estrela de nada. Quero continuar com meus quadrinhos, ter trabalhos, pagar as contas. Quero chegar a esse patamar.
Agora tenho que administrar as dívidas restantes de sp, a carga dramática que você recebe quando mora com a minha mãe, a chateação invejosa do meu irmão, que adora fingir que está preocupado com você só pra saber quanto os nossos pais pretendem gastar com você. Ter que aceitar o fato de que sou racional o suficiente para odiar os planos mirabolantes de minha família, que nunca dão em nada. Eu pelo menos tento as coisas, mesmo que elas dêem errado. Eles adoram fazer planos. E matar os planos. Eu não quero matar planos nunca mais. Agora, tenho que administrar minha mãe e sua personalidade teatral, meu irmão e seu cinismo conveniente, enquanto espero, dando um passo de cada vez.
Lentamente.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Dancing with myself
Vou dar uma viajada pra POA, em junho. A passagem já está comprada, o dinheiro, guardado. Tenho trabalhado bastante e isso é sensacional para mim, a pessoa que as outras chamam, tantas vezes, de "azoada". Além disso, finalmente colo grau, na quarta. Vou me formar, agora é oficial. sou jornalista formada. olha, que loucura. Sou uma pessoa com ensino superior completo, hehe.
E com dores nas costas.
Voltei a namorar e tal. Agora tá tudo mais tranquilo. Eu ainda sou um quiabo, se você apertar demais, escapulo. Mas pelo menos agora estou apaixonada. :)
A vida é doida. Gira, uma roda gigante dos diabos, num ano você está lá embaixo, no outro, subindo, subindo...naquela paz que só você consegue entender.
Mas a dor nas costas continua.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Subindo as escadas devagar
That bitch.
Está no apartamento que EU escolhi, na cidade que EU escolhi, fazendo o curso que EU sugeri, usando a marca que foi ideia MINHA. Leio o buzz dela, vejo as coisas que ela escreve direto da cidade que EU tinha escolhido pra viver, na vida para qual eu a empurrei, a vida que era minha.
Bitch,
Eu vou construir uma carreira gigantesca, um nome, vou construir meu próprio império, onde quer que eu esteja. E você vai saber, vai ouvir meu nome de novo. Vai se arrepender de ter me tirado da sua vida como se eu fosse dispensável. Eu coloquei você aí.
Mas eu vou mais longe.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Num piscar de olhos
Acordei, há três dias atrás, com vontade de morrer. E não por nada em especial, mas porque tinha perdido a vontade de fazer tudo, a única coisa que importava era desenhar. Mas no dia seguinte à maior explosão de ira que já tive na vida, as nuvens se dissiparam. Andaram para frente, choveu. Eu respirei, depois desses dias de calor insuportável, muito barulho, muita agonia. Eu respirei e comecei a organizar minha cabeça. Das coisas que eu sentia e não sinto mais, dos rótulos que me coloquei e não couberam. Eu acordei assim, leve, como um afoxé num dia de praia, que balança como um monte de ondas que batem nos pés da gente, enquanto a gente encara o mar. Eu me vi olhando pra frente, pro horizonte, e lá de longe o mar parecia tão tranquilo...
É bom ficar em silêncio, depois de tantos dias gritando. Hoje fico calada, por estar em paz comigo, por estar em paz. Quero começar de novo algumas coisas, outras, prefiro colocar no lugar ao qual elas pertencem: o limbo. Outras ainda, novas, recentes, em mim já se transformaram (mesmo que o ex-noivo ainda superinterprete minhas palavras, na maioria das vezes). Eu não sou mais uma mulher presa ao passado.
Não sou mais.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Uma vida que despenca
Eu espero que este seja meu último texto deprê. Eu estou num redemoinho, é verdade. Não tenho vontade de ir pro trabalho, nem de ficar em casa. Não sei explicar como me sinto agora, estou num pesadelo, onde perdi um noivo e ganhei um amigo, perdi uma amiga e ainda continuo sentindo que, a cada passo, perco mais um pouco. E continuo com a sensação de que falta. Falta algo.
Não é o beijo na boca do ex-noivo, não quero mais isso. Mesmo. Não é a amiga que enfiou a faca. Mas falta algo. Eu não sei o que é.
Realmente não sei.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
I gotta get out of this black and white town
Cidade em preto e branco. As únicas cores que vejo estão nos desenhos que escolho deixar em preto e branco. A rua não tem mais graça, nem o cheiro de cajá que domina um pedaço da ladeira que desço pra ir pra casa. Tudo perdeu a graça.
Não é uma questão de paixão, nem de falta dela, nem de saudade de ninguém. O problema está em mim, eu estou vazia. De emoções, de lembranças, de tudo. Transbordei tão longe que não sobrou nada. Me restou a caneta, com a qual desenho um universo novo. Estou tão cansada de ser eu, tão cansada de ser alguém, de existir, sabe?
Estou cansada.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Eu vejo o sol pela janela
Abri o livro que revi hoje, depois de um mês na casa do outro, abri aleatoriamente.
"Me impressione", era o título de um texto aleatório. Eu não li o texto, ri alto, gritei com as nuvens num gesto louco de quem procura conversar com alguém que não está aqui, que não se vê, que não existe, talvez.
"Me impressione, porra, é isso, me impressione, porra!"
Estou buscando a paz que não havia encontrado no último mês, arquitetando vinganças inúteis, que não acrescentam nada em minha vida. A minha revista em quadrinhos terá o mesmo tema, mas tenho muito mais histórias para contar que as recentes. Pra mim, hoje, agora, nesta hora, eu quero a tranquilidade que me aquieta a mente quando assumo que sim, cada fantasma tem um pedaço do meu coração. Os mais traumáticos, os menos. E não se trata de esquecer; trata-se de abrir caminho. Como um texto que escrevi, há muitos anos atrás, quando ainda morria de medo das pobres baratas...usei a metáfora para explicar que de perto, todo problema é pequeno, preciso, necessário. De perto, todo problema é nada. É a vida que precisa ser resolvida, que precisa andar pra frente.
Não posso mais olhar pro passado, me questionar por coisas que fiz ou deixei de fazer. A minha vida não vai melhorar por isso. Preciso relaxar, entende? A tensão que é guardar tudo o que sinto, todos os medos, todas as derrotas dentro da minha cabeça...essa tensão não sara nunca, é tatuagem inflamada. E eu me cansei de sentir dor.
Um poema para acabar com a agonia. Um poema para me calar. Umas poucas frases para terminar essa história pra sempre, porque não quero a decepção rondando a minha cabeça nunca mais. Um poema para o fim de tudo.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
O dia em que eu surtei (de leve)
- Alô?
- E aí, tudo bem, sou eu!
- Poxa, Lila, como você está?
Eu estou assim, meio doida. Ontem achei umas cartas numa caixa no meu guarda-roupa. Dentro de um dos envelopes, lembrei que guardei uma pétala, do buquê de rosas que um dia ganhei, do cara que um dia me chamou de "amor da minha vida". Naquele envelope, o bilhete também dizia que eu havia "mudado a vida dele".
É isso, é isso o que eu sempre faço. Eu sempre vou chegando, devagar, depois de um tempo recebo a notícia de que "eu mudei a vida de fulano" e, enfim, mais algum tempo se passa até que esse fulano torne-se alguém tão diferente e focado na carreira, centrado e responsável que ele decide que quer ir pra Conchinchina, ajudar o mundo a melhorar.
No final, só resta eu.
Ontem falei com meu ex. Não consigo acreditar que um dia houve tanto amor entre nós. É esquisito, a decepção é uma coisa esquisita. Ela me diz para não acreditar nas coisas que me dizem, nas coisas que me prometem, porque sempre acaba assim: duas pessoas, sem graça, separadas, sem nenhum vestígio daquele buquê de rosas.
Daí eu saí com o rapaz que tem dado uma nova cor aos meus dias. E notei que estou me envolvendo mesmo com ele. A junção das informações do dia me fez surtar: eu não podia, tão cedo, amarrar uma corda no meu pescoço, acreditar em tudo de novo, nem mesmo juntei os pedaços de tudo o que se despedaçou, nem mesmo....
Mas né, é clichê: ninguém manda no coração.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
A graça dos dias que passam
Ele pegou o violão, eu não sabia que tocava tão bem. Com aquela voz aveludada e que soa tão bem aos meus ouvidos, começou a tocar "Minha Namorada", de Vinícius. Eu fiquei ali, atenta, para ter certeza de que estava naquele momento mesmo, de que estava, de fato, naquele lugar. Hipnotizada por ter sido surpreendida, pela primeira vez em muitos anos, de um jeito absolutamente encantador: eu não havia provocado nenhuma daquelas palavras, sugerido, nada. Ele simplesmente pegou o violão e foi, tocando, com a mesma precisão com que toca a minha cintura. Não sei o que eu senti naquela hora. Não foi vontade de chorar, como normalmente eu sentiria, mas uma vontade louca de dar um loop naquele momento. Eu estava exatamente onde deveria estar.
Não, eu soube esperar sim. Não quis apressar as coisas, não quis fazer como sempre faço e assumir a postura de uma mulher que toma a frente da situação.
Ontem, ele enfim, tímido, me disse:
- Sinto que você é a minha namorada desde que toquei aquela música para você. Eu toquei aquela música para isso, para te pedir em namoro.
Como nos velhos tempos, em que os homens eram minimamente...românticos.
E lá vou eu, de novo. Posso continuar eu mesma, dessa vez deixei bem claro que sou independente e pronto, que sou assim, não vou mudar.
Lá vou eu, meter-me num emaranhado de novos sentimentos. Com alguém que, em um mês, transformou-me em Dalila.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Who is going to pick up the pieces then?
Tudo o que eu demorei tanto tempo para construir dentro de mim desmoronou em seis dias. Depois de um mês, começo a notar que não há, agora, espaço para ninguém, nem mesmo para o próprio ex. Tenho apreço pelas pessoas, admiro-as, me interesso por elas, mas não as amo, não dedicaria mais que algumas horas a elas. Voltei a curtir a solidão de sentar em frente a tablet e desenhar meus devaneios. Ou assistir a um bom filme. Voltei a apreciar as saídas com os amigos, os amigos que não te abandonam, não importa quantas merdas você faça.
O que eu faria, se eu pudesse voltar no tempo?
Primeiro: talvez não tivesse saído da FUNCEB. Nem ficado noiva. Poderia agora estar comprando meu apê. Mas será que eu estaria desenhando tão diferente de quando comecei? Será que valorizaria tanto morar só e morar com a família?
Será que eu seria quem eu sou hoje? Muito difícil responder.
Eu sei que tudo o que eu vivi teve um propósito: afirmou pra mim que eu posso confiar em poucas pessoas nessa vida, que devo depender apenas de mim mesma. Durante meu último relacionamento, jamais baixei a cabeça. Posso ter tido minhas fraquezas, mas jamais baixei a cabeça. E nunca me arrependerei disso, não abaixarei minha cabeça para ninguém. Pelo contrário: manterei minha posição firme. Sem melindres, sem promessas, sem romance de novela.
O primeiro que vier me prometendo amor eterno voa pela janela.
E é exatamente para não cometer assassinatos, que vou ficar na minha. Se bem que estou saindo com um rapaz muito legal. Mas o negócio vai parar por aí mesmo.
Assinar:
Postagens (Atom)