- E aí, tudo bem, sou eu!
- Poxa, Lila, como você está?
Eu estou assim, meio doida. Ontem achei umas cartas numa caixa no meu guarda-roupa. Dentro de um dos envelopes, lembrei que guardei uma pétala, do buquê de rosas que um dia ganhei, do cara que um dia me chamou de "amor da minha vida". Naquele envelope, o bilhete também dizia que eu havia "mudado a vida dele".
É isso, é isso o que eu sempre faço. Eu sempre vou chegando, devagar, depois de um tempo recebo a notícia de que "eu mudei a vida de fulano" e, enfim, mais algum tempo se passa até que esse fulano torne-se alguém tão diferente e focado na carreira, centrado e responsável que ele decide que quer ir pra Conchinchina, ajudar o mundo a melhorar.
No final, só resta eu.
Ontem falei com meu ex. Não consigo acreditar que um dia houve tanto amor entre nós. É esquisito, a decepção é uma coisa esquisita. Ela me diz para não acreditar nas coisas que me dizem, nas coisas que me prometem, porque sempre acaba assim: duas pessoas, sem graça, separadas, sem nenhum vestígio daquele buquê de rosas.
Daí eu saí com o rapaz que tem dado uma nova cor aos meus dias. E notei que estou me envolvendo mesmo com ele. A junção das informações do dia me fez surtar: eu não podia, tão cedo, amarrar uma corda no meu pescoço, acreditar em tudo de novo, nem mesmo juntei os pedaços de tudo o que se despedaçou, nem mesmo....
Mas né, é clichê: ninguém manda no coração.