Acordei, há três dias atrás, com vontade de morrer. E não por nada em especial, mas porque tinha perdido a vontade de fazer tudo, a única coisa que importava era desenhar. Mas no dia seguinte à maior explosão de ira que já tive na vida, as nuvens se dissiparam. Andaram para frente, choveu. Eu respirei, depois desses dias de calor insuportável, muito barulho, muita agonia. Eu respirei e comecei a organizar minha cabeça. Das coisas que eu sentia e não sinto mais, dos rótulos que me coloquei e não couberam. Eu acordei assim, leve, como um afoxé num dia de praia, que balança como um monte de ondas que batem nos pés da gente, enquanto a gente encara o mar. Eu me vi olhando pra frente, pro horizonte, e lá de longe o mar parecia tão tranquilo...
É bom ficar em silêncio, depois de tantos dias gritando. Hoje fico calada, por estar em paz comigo, por estar em paz. Quero começar de novo algumas coisas, outras, prefiro colocar no lugar ao qual elas pertencem: o limbo. Outras ainda, novas, recentes, em mim já se transformaram (mesmo que o ex-noivo ainda superinterprete minhas palavras, na maioria das vezes). Eu não sou mais uma mulher presa ao passado.
Não sou mais.