segunda-feira, 20 de julho de 2009

Coisas sobre as quais eu às vezes reflito

Há pouco tempo fiquei sabendo de uma história triste que, graças a um punhado de pessoas, teve um final feliz. A moça que me criou (junto com meus pais..rs), que trabalhou lá em casa um tempão, um dia decidiu morar em São Paulo, com um rapaz. Recentemente, na minha terceira viagem pra lá, minha mãe decidiu dar uma ligada para saber como ela estava. Ela atendeu um pouco estranha, minha mãe ficou preocupada e ligou pra família dela, que mora aqui em Salvador. Logo descobriu-se que muito tinha acontecido com ela e que, depois de alguns relacionamentos mal resolvidos, ela estava sozinha em Sampa. E o pior: depois de algumas investidas na tentativa de encontrá-la, a família descobriu que ela tinha surtado.

O final da história é melhor. Ela ficou um tempo em tratamento, melhorou e as irmãs a trouxeram de volta. Hoje falei com ela; estava muito feliz por ter voltado para Salvador. "O que você vai fazer em São Paulo? Vai morar lá?". "É", eu respondi. "Vou estudar, por um tempo". "O que vocÊ acha de morar lá?", ela perguntou. "Não gosto muito da idéia, mas vou estudar". "É, tem que ir com alguma coisa pra fazer. Lá não presta pra morar não. Morar é aqui. Aqui é o paraíso", ela me disse, com a voz sorridente.

Eu fiquei feliz por ela e um tanto reflexiva. É uma escolha difícil essa que fiz. Já tinha dito que morar sozinho em São Paulo é estar distante do mundo, estar realmente isolado. Engraçado que eu disse que, se demorasse mais um pouco por lá, ia acabar acreditando na invisibilidade que os paulistanos impõem a cada transeunte, ao ignorarem a presença uns dos outros na rua. Acho que ela, por um tempo, acreditou, perdeu a noção de si mesma. Ainda bem que a trouxeram de volta.

Quanto a mim, tive que escolher entre melhorar o que mais gosto de fazer (desenhar), fazendo o curso que eu tanto queria, ou ficar em Salvador, que no momento não tem nada a me acrescentar a não ser mais gritos da minha futura ex-chefe. Infelizmente troco o calor do povo daqui pela frieza do povo de lá.

Mas antes de enlouquecer (e espero não enlouquecer), eu volto.