terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Uma dor de cabeça...

Hoje vi um monte de coisa que não gostei, no youtube. Aquela coisa, além de dar a possibilidade de ver algo super legal como o vídeo de "Domingo no Parque", Gil e os Mutantes no Festival de 68, habilita a disseminação do racismo e da xenofobia.

Estava assistindo um vídeo sobre skinheads e me deu uma tremenda curiosidade -a velha e chata curiosidade de jornalista - de saber o que infernos eles pensam. Descobri que não é todo skinhead que é racista, mas descobri também uns trocentos grupos malucos que tem ojeriza aos negros. Agora, imagine, re-a-li-ze: um bando de gente com sangue negro, agindo como racista. Fora os separatistas: tem separatista em São Paulo, separatista no Sul...gente que até mesmo diz que é do tal país Rio Grandense e chama "o resto" do Brasil de "Macaquinhos". Tem também a espécie que acha que no Nordeste todo mundo trabalha no maior estilo "Senhora do Destino" e que nós somos apenas uns tadinhos burrinhos de carga, explorados, coitados.

O povo do White Power é muito engraçado: a média de idade entre eles (que pude perceber) é de uns 25 anos, uma galera que, sem dúvida, não lê muito - pode-se notar pelo modo como escrevem e defendem suas idéias. Me parece que os pais deles falaram algo que, dentro da cabeça de um aumentou e passou para a cabeça do outro...tipo telefone sem fio. Alguém disse que o negro e o judeu (e tem tanto judeu aqui ainda?) são seres malignos e eles aceitaram, sem questionar...e não devem saber porque até hoje.

Depois de ver tudo aquilo - especialmente ler as pessoas escreverem (sem vírgulas e com erros estrondosos de português) mal da minha cidade - me deu uma baita dor de cabeça. Metade disso é pelo fato de que acho a discussão ridícula demais: acho - e sempre achei - que todo mundo é gente e pronto, nesse caralho. GENTE, porra! Por que as pessoas tem que se tratar como se o fato de nascer em estados diferentes deixasse alguém melhor ou pior?

A outra metade, provavelmente, foi porque ainda não tomei nada de cafeína hoje.

Eu, sendo uma pessoa que não acredita muito nos bafafás que me falam ao pé do ouvido, duvidei que os paulistas tivessem tanto problema com os baianos e fui super bem tratada. No hostel, cariocas se davam bem com paulistas, paulistas com cariocas, com baianos, pernambucanos, cearenses, com todo mundo - Manaus, Tocantins, pessoas de algum lugar do Sul próximo a Pato Branco (só lembrei por causa de Pato Branco...rs). Separar pra quê? o que nos torna iguais é exatamente o fato de sermos tão diferentes. Isso torna tudo muito mais interessante.
É por isso que conheço tanta gente fugindo da Europa: porque eles dizem que as pessoas se parecem lá. E, no Brasil, cada lugar tem sua tradição, sua cara.

E não vou deixar Salvador por não AMAR minha cidade. Vou para Sampa por estar afim de construir uma coisa nova pra mim. Salvador, como todo lugar do mundo, tem pobreza, desigualdade, baiano tem uma educação diferente mesmo. Mas ninguém jamais será tão cheio de energia e de solidariedade feito o povo daqui...assim como os paulistas são bastante educados (e acho que todo paulista é meio doido pra puxar conversa), os cariocas, divertidos...assim como todo povo tem o seu "quê" de especial.

Ainda bem que essa gente doida - separatista, white power e lá vai - não é maioria. Eu não diria o mesmo dos racistas incubados, infelizmente.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Atrás do trio elétrico (parte final) - Uma noite no carnaval

Vou tentar me lembrar de tudo. O primeiro dia de carnaval na Barra é uma loucura. E não chega nem perto do que serão os outros dias. O legal é todo mundo estar fantasiado: você vê minnies, flinstones, diabos, batmans, coringas e até jesus andando na rua. As pessoas parecem enlouquecidas; fazem tudo o que não têm coragem de fazer em dias comuns. Conversam com desconhecidos, cantam e falam sozinhas, abraçam pessoas na rua, dançam sem música. Acho isso bem bonito. E acredito que se todos fizessem mais isso, seriam muito mais felizes.

Em uma noite, pude ver qual é o desespero das pessoas por carnaval. É que elas conseguem se libertar do pudor e da falta de coragem de revelar sentimentos que enfrentam no dia-a-dia. Vivem se escondendo e, ao chegar no carnaval, libertam-se.

E é por isso que o carnaval, para mim, não tem graça nenhuma.

Eu, normalmente, já não tenho muito pudor. E gosto de falar com desconhecidos; quando quero, vou lá e falo, pronto. E minhas roupas já são figurinos, fantasias (rs). Meus vestidos não são nada discretos. Enfim.

Um monte de gente suada, com sovacos suados e nojentos, rodando suas cervejas para cima. Ninguém conseguia andar: éramos empurrados para seguir adiante. Qual é o problema que as pessoas têm essa necessidade de permanecer num lugar com todo mundo se empurrando? Não dá. Se, cacete, eu quero me aproximar de alguém, eu me aproximo, porra! Precisa disso para tocar o outro? E eu também não consigo negar a realidade: enquanto uns se divertem, outros têm de empurrar a porra da corda (o que é uma burrice para um trio onde só precisa estar fantasiado para entrar) e puxá-la para frente, num trabalho quase desumano. Como as pessoas querem que não haja roubo, com tamanha desigualdade? Enquanto várias pessoas passam com suas cervejas pelas calçadas (que ficam completamente imundas no carnaval) e passam por cima dos que estão por lá sentados, pedindo dinheiro. Mesmo assim, para mim, sem dúvida, as três piores coisas do carnaval são:
  1. Ter o meu corpo arrastado pelos trocentos corpos emelecados de suor, enquanto os nossos pisoteados pés pisam numa mistura de lixo, xixi, vômito (em alguns casos) e lama;
  2. Ter de observar o monte de gente curtindo o carnaval enquanto um monte de cordeiros são esmagados para empurrarem a corda que separa os que pagaram (não no caso dos mascarados) dos que não pagaram. E os que não pagaram estão cada vez mais esmagados por camarotes e cordas;
  3. O axé. Eu achei que, por estar com os meus amigos, agüentaria. Mas não, não consigo. Não dá para pular, o meu consciente não permite. Arghhhhhhhh..."sou praiêrô, sou guerrêrôou, tô soltêrô, quero mais o quê-ê?" Você quer mais é calar a boca, desgraça chata do cacete.

Não dá. Aboli minha participação de carnavais. Se for pra ter muvuca, que seja a do Radiohead.

YÊAHHH.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Atrás do trio elétrico só não vai...

...quem estiver com dengue. Ou com uma gripe forte. Ou com cólicas. Ou, sei lá, quem não simpatizar com o carnaval.

Ai, normalmente, quando estou com com cólicas, fico insuportável. Intolerante, bocuda. Não poupo esforços para ser estúpida. Quase Leila Diniz. Mas hoje eu também estou com raiva por uma razão especial. Um frete frouxo.

Um frete frouxo, segundo os dicionários especializados, é uma espécie cada vez mais aparente em nossa sociedade de apáticos e cretinos. É aquele que ouve uma verdade e se cala, porque não sabe o que responder. O que não sabe ouvir um não. O que não sabe nem encarar uma boa briga, dar uma boa resposta. Prefere chorar, dar uma risadinha sem graça, dizer que não vai responder. Enfim. Um frete frouxo é uma versão não tropicalista de uma banana. Um babaca.

Voltando da definição filosófica, estive com este frete frouxo por uns tempos, até terminar com ele o que quer que seja que nós tivéssemos. O bofe encheu o saco, insistiu, até que eu dei um "h" pra ele. E ele, mais uma vez, mostrou-se um bipolar patético. O que, é claro, eu disse pra ele.

Gato, não dá pra mim não. Você tem muitas caras, muitas personalidades. E eu não consigo lidar com isso, ok? Vamos deixar essa história pra lá, como havíamos combinado.

O bofe respondeu que estava "digerindo" a conversa. E depois não respondeu mais nada. Como assim? Que tipo de pessoa se comporta desse jeito?

Ah, eu tenho uma resposta:

O frete frouxo.

Maaaaasss, mudando de assunto, esse ano carnaval vai bombar. Vai ter marchinhaaaa...uhul! Não vai ser só essa coisa insuportável de axé. eba. E vai ter tributo aos Novos Baianos também. Coladérrima. Eu e meus amigos. Porque de homens, estou de saco cheio até aqui, ó. Exceção do japinha, que consegue ser o cara mais doce que eu já conheci em minha vida todinha. E mais fofo. Aiai.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

É preciso parar.

Eu não estou confusa. Sei que no momento, não sinto nada. Nada que me faça parar e imaginar que, em algum ponto, voltarei a sentir tanto e tão intensamente quanto quando eu tinha uns 20 anos. As coisas ficaram mais difíceis para mim, quando se diz respeito a sentir. Eu, que antes era um poço de sentimento. Ah, meu coração palpitava e minha imaginação nunca perdia a hora.
Agora, me vejo tão racional que tenho medo. Medo de endurecer tanto a ponto de jamais sentir, de novo, as pernas tremerem, sentir o frio na barriga....mas este mesmo frio na barriga me atormentou por seis meses, enquanto eu estava doente. Fui ao inferno, por amar em excesso.
Agora amo, mas sem as borboletas na barriga. No começo, me senti bem em não sentir demais. Depois, notei que não estava me reconhecendo...e seria isso ruim? Ter mudado tanto a ponto de não mais se reconhecer?
Respondo quando formos todos gatos.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Geléia Geral.

Iconoclastia. Era essa a palavra que rondava a minha cabeça há séculos. O que estaria faltando na minha geração, uma raça de garotos e garotas impregnados de tatuagens, drogas e piercings? O que estaria faltando, para que, mesmo com toda a rebeldia aparente, ainda vivêssemos numa ditadura ridícula da beleza escultural, dos cabelos lisos, da falta de conhecimento, das músicas patéticas....
Acabei, hoje, de ler um livro de Carlos Calado sobre a Tropicália. Nossa, com certeza a história da tropicália ajudou muito a ampliar meu pensamento. Porque em mim cresceu uma pequena inveja de uma época em quê a juventude era tão envolvida com a cultura brasileira que pregava um certo purismo na música e praticamente exigia que os cantores da mpb ignorassem infuências externas ao Brasil. Não prego purismos, mas me passou pela cabeça que, ao menos, os jovens daquele momento preocupavam-se imensamente com as letras, a harmonia, os arranjos, preocupavam-se com a música brasileira.

Os tropicalistas chegaram aos Festivais para bagunçar a idéia de que "música brasileira tinha de ser assim" ou "pra ser mpbista você tem que tocar assado"...eles usavam o que queriam, se vestiam como queriam, tocavam e cantavam como quisessem. Causaram muita bagunça e, enfim, conseguiram modificar a estrutura da MPB da década de 60. Quebraram os preconceitos e as amarras da juventude extremamente politizada, mas limitada esteticamente.

E agora? Que tipo de ícone quebrar? Num século em que todas as barreiras visíveis foram derrubadas, restam os preconceitos velados. E as barreiras agora são virtuais: grande parte das pessoas prefere estar na frente de um computador que conversar com os amigos na rua. E trabalhar com música ficou bem mais difícil, afinal, a internet ajudou muito, mas dificultou a vida de quem não tem dinheiro para investir numa divulgação maior do que a que milhões de pessoas já fazem. Na internet você é só mais um.

O que seria ser iconoclasta, hoje? Se ser "rebelde" já está na moda? Se ser "underground" já é tão comum quanto ser comum?

À geração de hoje faltam desafios que não sejam os do "mercado de trabalho". Faltam, nesta geração, pessoas que não só se apresentem como diferentes.

Faltam tropicalistas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Ai, gente, eu tô.

Já estou vendo que essa rotina de acordar muuuito cedo para ir para o curso e depooois vir para o trabalho para só depoooois ir para a faculdade vai me deixar cansada. Odeio quando eu estou com sono e não posso dormir, odeio. Acho que é coisa de menina mimada. Odeio também que pessoas andem devagar na minha frente. Odeio não saber o que dizer, às vezes. Odeio ser pega de surpresa por situações ou sentimentos. Os ruins, claro.
Esta semana o trabalho só chegou, de fato, há uns dois dias atrás. Eu, que não sou boba, conto os dias para ver Radiohead, contente e feliz (hauhaua). Aliás, conto os dias para qualquer oportunidade de aparecer em São Paulo novamente.
Deve ser porque eu estou cansada e com sono, deve ser isso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Cachos que voltaram aos cabelos...

Uma vez, uns anos atrás, escrevi um poema que falava muito sobre minha aflição naquele momento: o medo de cair na rotina, fosse no trabalho, fosse na vida mesmo. Medo de ser controlada pelas obrigações. Com o passar dos anos, fui superando meus traumas adolescentes, criando outros traumas, mas, acima de tudo, fui parando com a mania adolescente de auto-flagelação. De achar que devo sofrer, que tenho que encontrar 0 amor da minha vida, essas e outras baboseiras. Fui aprendendo, enfim, a ouvir desaforo, a ouvir críticas, a ser menos briguenta e a analisar as coisas antes de fazer. Uma vez alguém me disse que eu gostava de optar pelo lado mais fácil das coisas. E era verdade. Até pouco tempo.

Posso dizer que muita coisa mudou. Demandou tempo, lágrima, demandou que eu ouvisse verdades que escondia de mim com precisão. Amadurecer, enfim, é complicado. Hoje meu cabelo é o mesmo de quando eu tinha nove anos (na época em que escrevi o poema, tinha dado tanta porcaria nele que ele não cacheava mais), mas minha cabeça envelheceu. Eu endureci (não no sentido literal, peloamordedeus. A idade só amolece o corpo da gente, incrível. Especialmente se você é sedentária. ihihihih), mas nunca perdi, nem vou perder, o bom humor. A gente fica mais cética com o passar do tempo. Talvez seja o tempo mesmo o responsável por abrir nossos olhos, por mostrar a verdade - e parei de acreditar que existe uma verdade escondida aqui, alguém que irá nos salvar acolá...só nós salvamos a nós mesmos.
Talvez seja somente o fato de que, um dia, cansamos de fingir que somos o que não somos até para nós mesmos e partimos para o "sou isso e é isso mesmo".
No momento, sou mais cética, mais reflexiva, mais racional. E muito, mas muito mais feliz assim.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Saudade do metrô

POrra. Primeiro dia de trabalho denoivoooo, tomo a esperar o ondibuis e putaqueopariu. Espera, espera, espera, debaixo do sol torrante de minha tchutchuca cidade. Arf. É Deus que eu não desço pelo esgoto e saio me jogando com a corrente de água pra ver se chego mais rápido ao Pelô. Hatomanocu esses buzus daqui dessa cidade. A gente paga só 10 CENTAVOS a menos que o povo de Sampa pra ter esse transporte de mierda.
Saudade do metrô, meodeos.

PS: saudades, também, de sair de noitche e não ter a minha cara comida pelo suor. Putamierda. A maquiagem escorre - literalmente. E meu estilão Amy Winehouse vira Maysa depois do chororô.

Meo Mondo Caeuuuu.