quinta-feira, 12 de março de 2009

Eu podia ter feito medicina.

Eu sempre soube que cultura era um artigo de luxo. Quem "perdesse tempo" indo ao teatro era rico. Quem perde tempo indo ao teatro é, no mínimo, classe média. Acesso à cultura é coisa de gente que já dispõe de dinheiro para comer, se locomover e se vestir, no mínimo. Escolhi fazer jornalismo porque sou uma idiota que não tem o que fazer e não tem habilidades para salvar o mundo fazendo medicina.
Isso aqui é um desabafo. Estou com raiva, muita raiva porque agora eu sou ninguém. Dentro do meu trabalho, a minha situação é nada, é ridícula. O que faço sempre pode ser postergado, sempre pode ser feito depois. É só comunicação, é só um monte de cartaz ridículo, não tem nada se a gente não fizer mais porra nenhuma. É muito mais importante recuperar as instalações elétricas, poxa. Eu escolhi trabalhar com arte porque sou imbecil. E arte é uma coisa desnecessária nessa porra de país.
O pior é que me sinto uma criança descartável. Ninguém precisa me ouvir, porque há coisas mais importantes para resolver. Ninguém precisa discutir isso agora, não é necessário. Eu nunca vou ser considerada "alguém" a quem respeitar neste lugar. Quando eu estava doente e mal trabalhava direito, era considerada irresponsável. Agora, passados quase doze meses desde aquele período, eu sou, no mínimo, desimportante demais.
Qualquer coisa primeiro.
Então tá. Primeiro, pra mim, SP.