domingo, 2 de maio de 2010

Outras realidades

Uma cena: enquanto eu andava no mercado, vi uma caixa de fondue. Lembrei-me de quando estava no apartamento de alguns amigos, num aniversário que não me lembro agora, comendo fondue. Faz tempo, claro, eu não era quem sou hoje, tinha muito mais medo de tudo. Mas eu adorava a época em que não passava por tantos constrangimentos. Quando eu era a mulher que seduzia muitos, em qualquer lugar, comia nos melhores restaurantes e saía com grandes amigos. Não, metade deles não era o tipo exato de amigo para desabafar, mas eram amigos que não olhavam para mim como se eu fosse uma imbecil que só fala bobagens. Sinto falta de falar sobre assuntos cotidianos, sinto falta de falar e não ser repreendida.
Sinto falta da minha vida de restaurantes, cinemas, sorrisos, conversas, da minha vida cheia de gente, sinto falta de ter amigos que não sejam distantes e taciturnos.
Vivi, durante um bom tempo, com muitos privilégios. Não percebi o quanto abençoada eu era. Por ter um trabalho, por ter amigos, por poder simplesmente chamar meu namorado para passar a tarde comigo no fim de semana. Negligenciei minha faculdade, meu tcc, negligenciei meu trabalho por um período, fui displicente com tanta coisa....acho que esse período perdendo, perdendo e perdendo foi bom. Preciso aprender como ganhar. É com dedicação que consigo as coisas, disciplina. Eu preciso passar na USP. Eu preciso recuperar a minha vida. Ou o que nela havia de bom. No momento, eu sou a idiota da casa, a que recebe ajuda, para quem as pessoas pagam as coisas.
Nunca mais quero que ninguém pague nada para mim, nunca mais quero precisar disso.
E o primeiro passo para conseguir mudar a minha vida é arranjar um emprego.
E o primeiro passo já foi.