segunda-feira, 31 de maio de 2010

Life is too short...

...to spend it with work.
Foi isso que vi um dia desses numa camisa, num cara na Paulista. Pra mim, depende muito do trabalho. Realmente acho excessivo esse negócio de dar oito horas por dia de sua vida num espaço -muitas vezes - fechado, com mais um monte de gente que sua para fazer um bom trabalho e poder pagar as contas. É preciso muita raça para fazer isso dia após dia. Acho que nunca vou me acostumar com esse processo, mas sei que faz parte e que tudo compõe um longo caminho para a descoberta daquilo que você pode fazer com uma paixão plena. Eu posso me apaixonar facilmente por um animal de estimação, por uma pessoa, mas por um trabalho...mesmo quando eu transformo um hobby no meu ganha pão, aquilo logo se torna enfadonho.

Como fazer para não ser uma vítima do tédio? Trabalhar por uma causa. Acho que o meu problema não é o lugar, nem as pessoas, nem o próprio serviço em si. É, simplesmente, o fato de nada daquilo ter propósito. De não ser para nada além do meu ganha-pão e do serviço prestado à alguma instância particular, que, por sua vez, também não vai fazer nenhuma diferença no mundo além do seu próprio metro quadrado.

Eu acho que tenho a salvação para mim: deixar meus hobbys no patamar de hobbys; trabalhar para mudar vidas. Talvez quando passar a fazer isso, coisa que sonho desde criança, eu finalmente possa ser uma pessoa plena - alguém que, realmente, precisa daquilo para viver, mais ainda do que do dinheiro. Então não estarei desperdiçando minhas horas, perdendo uma vida tão curta cuidando das vontades de quem já está muito bem, obrigada.

domingo, 23 de maio de 2010

Nunca mudamos nossas paixões

Eu achava que dom era nascer sabendo. Que ter o dom de desenhar era, na verdade, nascer com uma merda de uma nanquim na mão, com idéias geniais. Depois do meu desastre amoroso de 2008, passei a me sentir desafiada a desenhar melhor. Talvez porque eu quisesse fazer parte de um grupo, talvez porque achasse que aquilo fosse mais legal do que o que eu realmente era. Passei então a ser uma obcecada por aprender a desenhar melhor que aquele bofe, como que uma vingança pela mulher raçuda e corajosa que devia ter sido (quando perdi a oportunidade de quebrar uns dentes daquele moleque) e não fui.

Assisti um filme hoje que acabou reforçando algo importante pra mim. No meio do processo, um cara fala que qualquer pessoa pode abandonar tudo, casa, roupas, traços de personalidade, mas não pode trair uma coisa- suas paixões. A minha paixão sempre foi mudar o mundo. Sempre foi entender como a sociedade funciona e trabalhar pela melhoria dela, para deitar minha cabeça no travesseiro consciente de que fiz algo de útil pro mundo em que vivo. Só que, por minha grande capacidade de desacreditar da minha pessoa, também adquiri a paixão por fazer parte de algum grupo, por me sentir incluída em algum lugar. Por isso, transformei um hobby em profissão, por isso apaguei de minha cabeça o fato de que a minha vontade era a de ajudar no crescimento dos outros, de ser alguém mais que "eu". Estou farta de uma vida cheia de coisas. Quero assumir quem sempre fui, alguém que não se importa com a cor do esmalte da semana; mas que pensa em quantas pessoas estão dormindo na rua nos dias de chuva.
Admito-me estranha, com orgulho. E não intento fazer parte de grupo algum, nunca mais em minha vida. Finalmente estou pronta para ser quem eu sempre quis ser - abdico do glamour de fazer parte do grupo dos artistas....abdico de uma vida que, aos poucos, notei que nunca quis ter.
Voltarei, com o tempo, a ser aquela cuja vida é se dedicar ao trabalho para o crescimento de outros. Talvez seja por ter atrasado tanto tudo isso que há tanto tempo não se calam os chatos...

domingo, 2 de maio de 2010

Outras realidades

Uma cena: enquanto eu andava no mercado, vi uma caixa de fondue. Lembrei-me de quando estava no apartamento de alguns amigos, num aniversário que não me lembro agora, comendo fondue. Faz tempo, claro, eu não era quem sou hoje, tinha muito mais medo de tudo. Mas eu adorava a época em que não passava por tantos constrangimentos. Quando eu era a mulher que seduzia muitos, em qualquer lugar, comia nos melhores restaurantes e saía com grandes amigos. Não, metade deles não era o tipo exato de amigo para desabafar, mas eram amigos que não olhavam para mim como se eu fosse uma imbecil que só fala bobagens. Sinto falta de falar sobre assuntos cotidianos, sinto falta de falar e não ser repreendida.
Sinto falta da minha vida de restaurantes, cinemas, sorrisos, conversas, da minha vida cheia de gente, sinto falta de ter amigos que não sejam distantes e taciturnos.
Vivi, durante um bom tempo, com muitos privilégios. Não percebi o quanto abençoada eu era. Por ter um trabalho, por ter amigos, por poder simplesmente chamar meu namorado para passar a tarde comigo no fim de semana. Negligenciei minha faculdade, meu tcc, negligenciei meu trabalho por um período, fui displicente com tanta coisa....acho que esse período perdendo, perdendo e perdendo foi bom. Preciso aprender como ganhar. É com dedicação que consigo as coisas, disciplina. Eu preciso passar na USP. Eu preciso recuperar a minha vida. Ou o que nela havia de bom. No momento, eu sou a idiota da casa, a que recebe ajuda, para quem as pessoas pagam as coisas.
Nunca mais quero que ninguém pague nada para mim, nunca mais quero precisar disso.
E o primeiro passo para conseguir mudar a minha vida é arranjar um emprego.
E o primeiro passo já foi.